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Os faróis ,que, de Canidelo são visíveis *
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OS FARÓIS DA BARRA DO DOURO
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O farol da barra do Douro,
É amante da aldeia Canidelo;
De dia, não a larga de vista,
À noite, a piscar-lhe o olho,
Tem medo de perdê-lo.
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Amor antigo, aquele,
Primeiro, só um, de granito,
Logo àquela aldeia fez o fito,
Vão séculos, de amor aflito.
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Resistente, é pedra dura,
Pois, é pedra que perdura,
Construído à moda antiga,
Não deixa o mar o destruir,
Não cede à sua cantiga.
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Amor de pedra, resistente,
Amor de pedra, para sempre,
Como os casais de outrora,
Que só se enamoram uma vez
E não a toda a hora.
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Vieram novos faróis,
Vestidos de lindas cores,
Um de verde outro de vermelho,
Tentar construir amores,
Com a Vila de Canidelo.
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Mais moderna agora, senhorita,
Vila vaidosa deixou-se ir na fita,
Ficou com três amantes à vista.
Todos lhe piscam o olho,
Nenhum se compromete com namoro.
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São os faróis da Barra do Douro,
Três príncipes perfeitos, feitos
Cavalheiros, para menina séria e solteira,
A Vila de Santo André de Canidelo.
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João da mestra
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ERA CEGA, SURDA E MUDA Era cega, surda e muda, em tempos remotos, a nossa costa marítima. De igual modo o era a costa marítima compreendida no espaço correspondente a esta nossa Vila Nova de Gaia, Porto, Matosinhos e, logo, a entrada da barra do Douro, por inerência. Era cega, porque, nenhuma era a visibilidade para a costa, a partir do mar, pelo facto de que não existia sinalização luminosa suficiente, ou nenhuma. Em dias de temporal, ou durante a noite, a navegação não tinha como se orientar pela absoluta falta de iluminação. Eram densas as matas ao longo da costa e para o interior e, por isso, mais escura se tornava. Anteriormente à existência de luz eléctrica menor era ainda a iluminação, por archotes ou, mais tarde a querosene. Era surda, devido a que os pedidos de socorro enviados pela navegação não eram escutados. Tanto em dias de grandes vendavais, como de chuvadas impiedosas, ou como em dias de intensos nevoeiros, não se ouviam as sirenes ou as trompas dos grandes vapores. Não existindo ainda outras formas de escutar sinais, morse, rádio, ou outros, existia um absoluto desconhecimento daquilo que se passava na navegação. Era muda, porque, também, da mesma forma, não existiam dispositivos de emissão de sons a partir de terra. Nos dias de intenso nevoeiro a que, sempre, a zona Norte estava e está sujeita, era o caos. Era o caos na navegação, sempre, devido àqueles três factores. Grande, era a dificuldade de, tanto os grandes cruzadores dos oceanos, a vapor em tempos mais remotos e, nos tempos mais modernos todos os monstros que conhecemos a navegar, como os pequenos barcos, traineiras e, mesmo os minúsculos barquinhos de pesca, de se aproximarem de terra para procurarem a entrada desta barra do Douro, considerada das mais perigosas, se não a mais perigosa do país ou mesmo da Península. Inúmeras foram as tragédias na entrada da barra do Douro, tanto, precisamente na sua embocadura, como, a pouca distância. A poucos metros para sul, devido aos enormes penedos e baixios -, bancos de areia, - a meia dúzia de metros de terra, literalmente, como, a poucos metros para norte, à vista da cidade. As populações de Canidelo, assistiram, através dos tempos, incapazes, aos encalhes de enormes embarcações, mesmo ali a um braço de distância – é uma força de expressão – mas, que, não chegava por vezes, a vinte ou trinta metros. Contava-me meu pai que, certo navio encalhou, onde sempre no mesmo local havia aquelas enormes tragédias, um enorme navio. Nunca mais se conseguiu livrar daquela situação de prisioneiro pelo fundo ficar. Nem a esperada maré cheia o safou. Era violento o temporal, com vendaval e chuva do pior que se pode imaginar. Chegaram socorros do lado de Canidelo, que se estabeleceram no Cabedelo e no promontório. Bombeiros e Socorros a Náufragos tentaram passar cabo – corda – lançado por foguetes, para tentar salvar a tripulação e possíveis passageiros, mas, apesar da curtíssima distância de um palmo, mesmo, mesmo ali em cima do olhar, o vento fortíssimo não permitia que tal cabo chegasse ao navio. As altíssimas vagas de um mar em fúria, que, naquele sítio sempre está, mais a alteração provocada naquele monstro, o mar, por outro monstro, o portentoso vento, davam enormes golpes ao ilusório consistente navio. Não demorou muito, ao fim de uma tarde, no meio da aflição dos ocupantes do navio, da angústia das populações que assistiam em terra e da apoquentação dos socorristas, à vista de todos, o enorme “mostrengo” de ferro, aquela enorme montanha de “aço” preto parte-se ao meio, qual abóbora. Logo enormes vagas avançam sobre as duas metades daquele que parecia ser o mais pujante flutuador. De terra, se vêm nitidamente pessoas a serem levadas com uma rapidez e violência terríveis e a desaparecerem no meio de imensa espuma e dos destroços que são lançados. Vêm outras a subir, a trepar, pelos mastros. Ouvem-se os gritos dilacerantes daqueles que com todas as forças lutam pela sua sobrevivência. Mais os gritos angustiantes das populações que conjuntamente sofriam aquela tragédia. Tudo em simultâneo e a cobrir os potentes mas graves vozeirões daqueles Bravos Homens, que, pondo mesmo a sua vida em perigo, tentavam salvar um pessoa que fosse. De imediato as duas partes se inclinam substancialmente, deixando o inofensivo cadáver de ferro em situação mais terrível que nunca, com as Criaturas que até ali o dominavam, em situação absolutamente perdida. Ficou ali aquela abantesma inerte, morta, acabada; aquela besta que não suportou aquele sopro do gigante adamastor nem aquela onda mais alterada do gigante mar, qual larilas franganote que nem tão pouco soube proteger aquelas inocentes pessoas que, tão heroicamente lutaram pela sua vida. Tudo de rompante se transformou em silêncio sepulcral. De imediato se deixaram de ouvir gritos, vozes, ordens, choros, qualquer som humano. Até parece que o mar ficou mais calmo, o vento se dissipou, a chuva impiedosa passou. Até as ondas parece que deixaram de fustigar o monstro destruído. Tudo morreu, uns fisicamente – os Valentes sofredores que ainda vivem nas nossas memórias -, outros morreram de alma, de animo, aqueles que ali tentaram pela força dos braços uns e, pela força das Orações outros, salvar aquela tripulação e passageiros. E só passaram alguns segundos que pareceram dias, meses, anos, uma eternidade. Alguns foram, os casos semelhantes a este, que o meu pai me narrou, neste mesmo local da entrada da barra do Impetuoso Douro. Estão descritos inúmeros casos de tragédias na costa marítima, na nossa querida Vila Nova de Gaia, principalmente em Canidelo. Foram muitas as dezenas de navios, de maior ou menor porte que sofreram a impiedade da fúria do mar. Foram já muitas centenas as vítimas mortais. Porque foi de muito criança que o meu pai me narrou este e outros casos, é constante esta recordação que em mim permanece. Escreve-la PRETENDE SER, até certo ponto, para além de o dar a conhecer aos mais novos, uma HOMENAGEM a todos quantos ali perderam a sua vida de uma forma Horrenda, a todos quantos, da população, ali sofreram incapazes de, perante tal agressão da natureza, fazerem algo com suas mãos e, a todos quanto de Bravos, Homens, que, fizeram parte de Corporações de Socorro. Passaram-se já alguns anos desde as últimas tragédias, dezenas de anos sobre outras e, mesmo séculos de outras ainda, mas, o Povo tem memória e, está em permanente Oração. Eu lanço um grito da angústia, de alerta, de revolta, porque, nenhum monumento existe no local, na parte de Gaia, a estas vítimas; nem monumento religioso nem outro. Nem uma simples Cruz, como se usava, nem umas simples Alminhas, nem qualquer. Lembro a esta Junta de Freguesia e a esta Câmara Municipal, que tenham a sensibilidade de HOMENAGEAR aquelas vítimas mortais e não só; que tornem uma realidade esta pretensão, que, pelo certo não será só minha. João da mestra
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In Panoramio: Mário Eloi Castro, 9 horas atrás, disse:
ResponderEliminarObrigado, João, pela tua visita e simpático comentário! E Parabéns pelo Excelente trabalho no Blog! Belíssimas Fotos! ;-)